sábado, setembro 02, 2006

11h18min – O meio


Depois do terceiro caminhao passar por nós e nenhum deles ter despejado tomates perto de onde estávamos, comecei a achar que ficaríamos sem muniçao. A Bia também percebeu isso, entao disse “Vai, ó amado! Cumpre tua missao! Acaba com eles!” Larguei a mochila com ela, tomei coragem e me meti no meio da parede de gente que me separava do morro de tomate despejado pelo último caminhao. 10 metros de uma difícil caminhada pelo meio das pessoas e pisei numa poça. Achei que era água. Era molho de tomate. Até o tornozelo. E fazia onda. Comecei ali a catar restos da fruta do chao e jogar nos outros. Mirando bem, que é pra nao desperdiçar. Os carecas eram os alvos favoritos. O problema é que pra catar tomate do chao, tinha de se abaixar. E nisso se ocupa mais espaço na multidao. E nao havia espaço. Tanto que uma hora desisti. Mas segui sendo alvejado. E logo mais já nao comandava mais pra onde estava indo. A massa me direcionava. E aí eu já tinha perdido meu óculos de sol, estava submerso no caldo vermelho. No final das contas, acho que mais fui atingido do que atingi. Mas valeu a pena. Fui expulso pelo povo pra uma rua lateral. Tive de dar uma volta na quadra pra encontrar ela de novo.