sexta-feira, setembro 22, 2006

Coquetel na faixa

Ontem fomos ao Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Macba) e nos deparamos com o coquetel de inauguraçao de uma nova galeria. Além da entrada livre, como cortesia, tinha salgadinhos, cerveja, vinho e cava (o espumante da Cataluña) na faixa.
Cheio de bicoes como nós, é claro.
Passamos tanto tempo lá bebericando e conversando, que nao sobrou tempo pro museu em si. Teremos que voltar outro dia... Hehehe... Mas saímos se lá bem alegrinhos, de boa bebida.

Nossa turma na aula de espanhol é uma mistura de nacionalidades. Há um número considerável de orientais (japoneses e tailandeses), outro grupo numeroso de americanos (da Califórnia, sobretudo) e outras pessoas pingadas da Itália, da França e da Rússia. Tem ainda um uruguaio que vive nos EUA há anos, uma mexicana que também está fora do seu país e outros que nao lembro.
Por sorte, somos os únicos brasileiros - ao contrário do que ocorre nas escolas privadas de espanhol, pelo que sabemos. Numa troca de turma, por causa dos horários, me livrei de uma curitibana que conhecemos. Está aqui há um ano e dois meses e fala um português precaríssimo. Justifica dizendo que nao tem com quem praticar, entao está perdendo a intimidade com o idioma. Meio rápido, nao?

Temos aulas de prática e de gramática, com uma professora muito legal e outra chatinha, respectivamente. O método é um tanto tradicional, para o modo como eu estava acostumada a estudar inglês ou francês. Mas está sendo ótimo voltar às salas de aula.

O clima na Universitat de Barcelona é ótimo! Estudamos no prédio histórico, no centro da cidade (já o descrevi em outro post aqui). A cada intervalo, é um burburinho de gente nos jardins, ao redor dos tanques onde vivem carpas vermelhíssimas. Um barato.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Devagar e sempre....

Agora está mais difícil de atualizar o blog em funçao da falta de computador disponível, mas sempre qdo dá a gente alimenta o diário digital. Desde que saímos do antigo apê, toda vez que queremos entrar em rede temos de nos deslocar até uma biblioteca que tem perto da nova casa. O problema, além das escadas, é que a conexao é limitada a duas horas semanais, mas pelo menos é de graça. De quebra, ainda podemos recolher os jornais que sao distribuídos gratuitamente (há uma série deles, com pontos de entrega por toda Barcelona), dar uma espiada nas publicaçoes maiores e ainda retirar livros, CDs e DVDs na faixa.

sábado, setembro 16, 2006

O bônus


A vista de Barcelona a partir de onde estamos morando agora é sensacional. Se vê toda a cidade, mar inclusive. De dia é um barato pq dá pra enxergar lá de cima os pontos de referência que usamos quando estamos no meio do trânsito. E à noite tbm é muito bacana, em funçao da vista panorâmica da cidade iluminada. Um privilégio extra na capital da Catalunha.

O ônus



Para chegar até o prédio onde estamos morando, há duas maneiras. Um microônibus com horários limitados que nos larga na porta de casa ou a escalada de centenas de degraus. Como os nossos horários nem sempre casam com os do microônibus, subir as quadras de escadas já está virando rotina. É exercício de graça na Espanha.

Pontos altos da viagem - 4



Adoramos a volta pelos Pirineus!
A imagem da montanha foi feita de dentro do camping Rio Ara, em Torla, principal cidade de acesso ao Parque de Ordesa y Monte Perdido.
O passeio à cavalo nao foi longe dali, em uma outra cidadezinha de Aragón.

Pontos altos da viagem - 3



Só a basílica de Nuestre Señora del Pilar já justifica uma parada em Zaragoza. O prédio tem 11 cúpulas revestidas de azulejos em mosaicos super bonitos. Lá dentro, a Santa Capilla e o órgao gigantesco sao show de bola.

Na basílica, fica um pilar supostamente entregue pela Virgem à Santiago. Entao hoje os fiéis vao até lá para beijar uma parte do pilar, exposta atrás da capela.

Ouvimos um coral de freiras mexicanas, super bonito!

Pontos altos da viagem - 2



Olite, capital vinícola de Navarra. Essa praça, Carles III, tem muito clima. E o Palacio Real, do século 15, se nao me engano, proporciona bonitas imagens.

A vinícola Piedemonte tem ótimos vinhos e degustaçao com bom atendimento. Fica na saída para Pamplona.

Pontos altos da viagem - 1


Castillo de Loarre, em Aragón. Foi construído no século 11 pra servir como ponto de resistência ao avanço muçulmano na Espanha.
A visita guiada vale a pena, porque o local tem muitas histórias interessantes... A vista da regiao também é linda.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Finalmente

Nossas aulas começam semana q vem. Até q enfim terminaram as férias na Espanha. Aos poucos as lojas e prestadores de serviço voltam a abrir as portas (até banca de revista fecha nesse período), assim como as universidades, q é o q nos interessa.
Esse primeiro mês aqui serviu muito, principalmente pra aprimorar o espanhol, já que sem ele nao poderíamos fazer qualquer aula q fosse.

Road trip

Alugamos o carro com um casal de amigos e dirigimos 1,7 mil quilômetros até o norte da Espanha por cinco dias, se hospedando em campings e um hostal. Nao preciso nem dizer que estava muito bom. Fica difícil relatar sem colocar as fotos (estamos sem computador, e na biblioteca onde estamos usando a Internet é embaçado de descarregar as imagens), mas vai um breve resumo, q provavelmente será ampliado depois.

Passamos por:
- Huesca
- Zaragoza
- Logroño (capital da La Rioja, principal área vinícola da Espanha, que está justamente na sua época de vindima)
- Bilbao (Bibi, passamos uma tarde no Guggenheim e é realmente show de bola, outra hora te passo o relato)
- San Sebastian

Isso sem contar as diversas cidadezinhas do interior da Espanha e suas atraçoes, além da volta pelos Pirineus. Quem quiser, q pegue um mapa e imagine o barato.

Estamos bem

O blog anda meio parado, mas nao é desleixo nao. Estamos sem meios pra abastecer o site, devido à falta de computador na nossa nova casa. Aliás, estamos em uma nova casa. Depois de aproximadamente 20 dias dividindo apartamento com uma menina catala e um argentino (pior é q nem dá pra falar mal do cara, q era gente boa), resolvemos buscar novas acomodaçoes. Fomos motivados por uma constante sujeira que teimava em se estabelecer no apartamento e, o estopim, quatro dias sem luz por falta de pagamento por parte da locatária oficial, a catala em questao.
Estamos melhor agora, morando com um casal de argentinos que está aqui em Barcelona há quatro anos. Logo postamos as fotos do novo apê (tem uma vista da cidade q é sensacional)

sábado, setembro 02, 2006

Vai brincar com lego!

O frio nao dá nem sinal de estar próximo, mas os comerciais de TV já antecipam o inverno. A cada três propagandas, uma é de um colecionável para montar: trenzinhos, miniatura de casa de praia mediterrânea, leques... Diz a catalã com quem moramos que é pro povo ter o que fazer nas noites frias, quando poucos saem às ruas.
Ah tá.

Minhas impressoes da Tomatina


Alguém pode me explicar por que foi que eu me meti numa festa em que o resultado é esse aí da foto? Jogar tomates nos outros nunca foi o meu sonho, muito menos ter meu cabelo feito de alvo dos arremessos alheios. Só posso desejar que o tal licopeno, em que o tomate é rico, faça bem pra pele e pras madeixas. :)


Em todo caso, ficam três conclusoes:
1) Eu sou mesmo apaixonada pelo Mau;
2) Depois dessa parceria, ele casa comigo, ou entao vou providenciar uma carga de tomate madurinho pra gente conversar bem de perto; e
3) Preciso de pelo menos um mês sem cozinhar nada que leve molho vermelho...

Instruçoes - Série "La Tomatina"

Pelos próximos 9 posts, a ordem cronológica do blog está invertida. Ou seja, comecem a ler de cima pra baixo pra entender a seqüência. E ignorem a falta de til, culpa do teclado espanhol. Tá meio longa, diferente do estilo comum do blog, mas é que nao tem muito como resumir o que é a La Tomatina.

Segunda-feira, 22h12min – Descoberta

Depois de um dia corrido, fomos até a casa dos nossos amigos Ruy e Lu para jogar conversa fora e combinar de uma viagem que estamos planejando para a semana que vem. Entre um assunto e outro, um deles levantou a bola. “Vocês viram que vai sair uma excursao para Valência na quarta-feira de madrugada, pra aquela guerra de tomates???” Participar da tal guerra de tomates era uma das minhas metas aqui, juntamente com a corrida de touros de Pamplona (que perdemos pq quando chegamos aqui já tinha passado). Fiquei animado com a possibilidade, mas percebi que fui o único. Os demais, incluindo a Bia, nao se mostraram lá muito entusiasmados.

Terça-feira, ao longo do dia – Reflexoes

Acordamos de manha e a lembrança da festa dos tomates foi uma das primeiras coisas a me ocorrer. Mas aos poucos comecei a ponderar que seria um gasto extra, fora dos planos, que eu era o único a querer participar, que viajar cerca de cinco horas pra passar somente 60 minutos jogando tomates nos outros nao parecia lá uma coisa muito coerente. Acabei deixando de lado, acreditando que já estava velho praquilo.

Terça-feira, 23h19min – Reviravolta

Estávamos os dois no apê e, num rompante, a Bia vem com a proposta de tomarmos o rumo de Valência pra festa dos tomates. Nao levei fé na história, ainda mais vindo dela, e respondi um “tá, aha, tudo bem....” Pois ela táva falando sério mesmo, e partiu pra Internet pesquisar carros pra alugar, ou trens que nos levariam até lá. Tanto insistiu que eu comecei a considerar a proposta. Claramente ela táva fazendo aquilo por mim, entao resolvi aproveitar. Depois de muita reflexao e pesquisa, decidimos ir mesmo. A alternativa mais barata era mesmo a excursao que sairia às 5h da frente da Plaza Catalunya, anunciada por € 60 por pessoa. Isso prova o quanto a falta de planejamento prejudica quem viaja. Se a gente tivesse alugado um carro com antecedência e convencido mais alguém a viajar, sairia bem mais barato. Mas naquela altura, nao tinha mais como. Resultado: fomos dormir por volta da 1h de quarta-feira, pra entao....

Quarta-feira, 3h11min – Insanidade


Acordamos no horário aí de cima, depois de uma dura batalha entre o sono e o despertador, que vinha perdendo feio. Mas conseguimos sair da cama, pegamos o mínimo necessário e tomamos o ônibus noturno em direçao ao ponto de encontro da viagem. Chegamos lá e tinha um amontoado de gente, o suficiente pra encher um ônibus. Com o tempo, foram chegando mais pessoas. E mais. E mais um pouco. Às 4h30min, chegaram os ônibus. Quatro, no total. Os guias orientaram os viajantes que já tinham passagem comprada (a maioria) e foram lotando os coletivos. Apenas nós dois e mais três brasileiros nao tínhamos bilhete na mao. Por sorte, sobraram alguns lugares, e mais cinco minutos e € 49 depois (por pessoa), embarcamos rumo a La Tomatina, o nome oficial da autoproclamada maior guerra de comida do mundo.

10h36min – Chegada no certame


A viagem foi tranquila, com parada pra lanche e tudo. Em certo momento, acordei e por sorte vi uma placa que dizia “Buñol a 4 km”. Buñol é a cidade perto de Valência onde ocorre o evento. Acordei a Bia e começamos a nos preparar pra batalha. A essa altura, já víamos na rua uma multidao que caminhava ou dirigia em direçao ao centro da cidade. “Potenciais alvos”, pensava eu. Ao desembarcar do ônibus, corremos pro ponto principal da festa, pra garantir um bom lugar. Mas com tanta gente, as ruas passam a devolver gente depois de determinado ponto. Resolvemos parar de caminhar e montar base onde estávamos, a cerca de 30 metros do epicentro da guerra, que ainda nao tinha começado. A essa altura, a animaçao ficava por conta dos gritos de guerra dos grupos de turistas e dos moradores locais, que jogavam água no povo com mangueiras e baldes.

11h02min – O início

Um estouro de rojao anuncia que está iniciada a festa. Nada muda nos primeiros minutos. Gritos de guerra, água dos vizinhos, empurra-empurra. Isso até aparecer o primeiro caminhao. Aí os moradores fecham as portas e janelas e se escondem no conforto dos apartamentos. Na rua, as pessoas se esmagam contra as paredes para abrir passagem para os caminhoes. Um grupo de privilegiados já atira os primeiros tomates, de dentro da caçamba. Mas em certo ponto, o veículo pára e despeja a carga. Aí sim começa a loucura.

11h18min – O meio


Depois do terceiro caminhao passar por nós e nenhum deles ter despejado tomates perto de onde estávamos, comecei a achar que ficaríamos sem muniçao. A Bia também percebeu isso, entao disse “Vai, ó amado! Cumpre tua missao! Acaba com eles!” Larguei a mochila com ela, tomei coragem e me meti no meio da parede de gente que me separava do morro de tomate despejado pelo último caminhao. 10 metros de uma difícil caminhada pelo meio das pessoas e pisei numa poça. Achei que era água. Era molho de tomate. Até o tornozelo. E fazia onda. Comecei ali a catar restos da fruta do chao e jogar nos outros. Mirando bem, que é pra nao desperdiçar. Os carecas eram os alvos favoritos. O problema é que pra catar tomate do chao, tinha de se abaixar. E nisso se ocupa mais espaço na multidao. E nao havia espaço. Tanto que uma hora desisti. Mas segui sendo alvejado. E logo mais já nao comandava mais pra onde estava indo. A massa me direcionava. E aí eu já tinha perdido meu óculos de sol, estava submerso no caldo vermelho. No final das contas, acho que mais fui atingido do que atingi. Mas valeu a pena. Fui expulso pelo povo pra uma rua lateral. Tive de dar uma volta na quadra pra encontrar ela de novo.

11h49min – O fim

Encontrei a Bia no nosso ponto de encontro, agarrada numa grade pra nao ser arrastada pela multidao. A essa altura, ela já táva coberta de tomate tbm (ela promete postar sobre isso mais adiante). Um dos caminhoes q passaram por ali depois de eu sair largou a carga bem onde ela estava. Com isso, me senti um mané de ter saído, mas tudo bem. Uns 10 minutos depois, um segundo estouro de rojao anunciou o final da distribuiçao de tomates. O povo ainda brincava com q estava pelo chao, mas o ritmo já começava a diminuir.

12h10min – Retorno


Os vizinhos voltam às janelas e distribuem água àos combatentes, que aproveitam para se lavar e se colocar em condiçoes para voltar pra casa. Nós seguimos esse ritual e ficamos uns 50 minutos numa fila pra ter acesso a uma mangueira. Um rápido “banho” e voltamos ao ônibus. Umas duas horas depois, ele tomaria o rumo de volta pra Barcelona.
No final das contas, toda essa funçao nao fez lá muito sentido. Mas valeu a pena. Parece coisa de maluco, e é. Mas a epopéia da La Tomatina vai ficar pra sempre na memória. E manchada em algumas de nossas roupas.